sexta-feira, 26 de junho de 2009

Morreu um homem esquisito...

Morreu um homem esquisito, diz que nasceu no meio de uma família numerosa, de raça negra.
Morreu branco, quase cadavérico, mas só tinha 50 anos.
O homem que morreu era esquisito, porque nunca conseguiu ser criança, porque também nunca conseguiu ser um adolescente normal e isso tornou-o esquisito. Mas a culpa não era dele. Foi de quem quis fazer dele um mito vivo.
Dele disse-se quase tudo, mas muito ficará agora por dizer e muito se irá inventar. Faz parte do mito.
A sociedade de hoje fez dele um pedófilo, quando se calhar ele só queria estar com quem o fazia sentir feliz. Ele era igual aos miúdos que gostava que enchessem a Neverland. Talvez porque ele era uma criança que nunca teve tempo para o ser. Nos dias que correm, depressa era pedófilo. Talvez esteja a ser ingénua, mas a verdade é que não consigo vê-lo com esses olhos. E acredito piamente que ele era boa pessoa. No meio da gente que o rodeava, era provavelmente a pessoa mais solitária do mundo, o tal "génio incompreendido".
Aproveitaram-se dele e da bondade dele. É que acho que o homem esquisito era mesmo um homem bom.
O homem nasceu preto, morreu branco, esquisito, sem nariz e com uma mente muito perturbada.
Juro que não deixo de ter pena, não pelo mito, mas pelo homem, que para mim era bom.

1 comentário:

Última coca-cola do deserto disse...

diz quem sabe, que ele finalmente conseguiu o que queria: chegou branco ao hospital.