Morreu um homem esquisito, diz que nasceu no meio de uma família numerosa, de raça negra.
Morreu branco, quase cadavérico, mas só tinha 50 anos.
O homem que morreu era esquisito, porque nunca conseguiu ser criança, porque também nunca conseguiu ser um adolescente normal e isso tornou-o esquisito. Mas a culpa não era dele. Foi de quem quis fazer dele um mito vivo.
Dele disse-se quase tudo, mas muito ficará agora por dizer e muito se irá inventar. Faz parte do mito.
A sociedade de hoje fez dele um pedófilo, quando se calhar ele só queria estar com quem o fazia sentir feliz. Ele era igual aos miúdos que gostava que enchessem a Neverland. Talvez porque ele era uma criança que nunca teve tempo para o ser. Nos dias que correm, depressa era pedófilo. Talvez esteja a ser ingénua, mas a verdade é que não consigo vê-lo com esses olhos. E acredito piamente que ele era boa pessoa. No meio da gente que o rodeava, era provavelmente a pessoa mais solitária do mundo, o tal "génio incompreendido".
Aproveitaram-se dele e da bondade dele. É que acho que o homem esquisito era mesmo um homem bom.
O homem nasceu preto, morreu branco, esquisito, sem nariz e com uma mente muito perturbada.
Juro que não deixo de ter pena, não pelo mito, mas pelo homem, que para mim era bom.
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1 comentário:
diz quem sabe, que ele finalmente conseguiu o que queria: chegou branco ao hospital.
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